quarta-feira, 5 de outubro de 2016

Max Payne 3-Vale apena jogar ?


Quando a Rockstar anunciou Max Payne 3 há alguns anos, a expectativa começou a correr solta nos gamers. Um policial assombrado pelo passado, especialista em caçar bandidos, que teve a normalidade de sua vida interrompida pelo brutal assassinato de sua mulher e de sua filha, ganharia uma vida nova depois de tanto tempo?

Sem nada a perder, Max se enveredou pelo submundo, matando sem dó qualquer criminoso que cruzasse seu caminho. Do mesmo jeito, o anti-herói seguia sua vida de bebedeiras, consumindo remédios para dor e outros tipos de droga de forma indiscriminada, aguardando o momento em que a vida seria traída pelo seu próprio corpo.

Depois de tanta espera, Max Payne 3 saiu do forno como um misto de presente e passado, colocando você no meio dos dilemas e angústias da vida de um homem cuja idade já começa a pesar. Por outro lado, o mesmo desprezo pela própria segurança e a mesma habilidade em manusear armas de fogo também voltaram ao mundo dos games.

Aprovado


“São, São Paulo, quanta dor”

A frase acima, escrita pelo cantor e compositor baiano Tom Zé sobre a maior cidade brasileira na música “São, São Paulo”, também poderia se aplicar a este jogo. Max Payne é um imã para confusões que perseguem o protagonista aonde ele for, e dessa vez não é diferente.

Agora em São Paulo, trabalhando como segurança privado de uma rica família paulistana, Payne está sempre com problemas para resolver e com um exército de bandidos no seu encalço. Isso resulta em um ritmo frenético de acontecimentos que mal deixam você parar para respirar.

Talvez apenas o início do jogo (e como início eu me refiro aos vídeos de abertura do título) permita alguns momentos de descanso. Depois de começada a primeira confusão, o game se desenrola com uma série de acontecimentos que prendem você de um jeito bastante irresistível.

A angústia de Payne ao encontrar uma São Paulo particularmente caótica pode ser expressada pelo termo que ele usa para definir a cidade: “Bagdá de fio dental”. Inimigos de todos os lados, muitos deles desconhecidos, inclusive, formam um ambiente hostil de dar inveja aos piores dias de sua vida de policial em Nova York.

Em suma, Max Payne 3 é, basicamente, um jogo de tiro. A brutalidade impera tanto de um lado quanto de outro, e você tem aqui uma experiência de jogo intensa, regada a mortes violentas, sangue espirrando e consumo de álcool e analgésicos a todo instante.

Violência com profundidade

Quando se fala que um jogo é tiroteio do começo ao fim, você pode ficar com receios, pensando que a história e a profundidade do personagem tenham sido deixadas de lado. Pois esse não é o caso deste jogo, que consegue misturar violência crua com reflexões e dilemas variados.

Seja de forma mais discreta, quando no início do jogo a Polícia Militar age rapidamente para salvar o ricaço Rodrigo Branco, patrão de Payne, ou então de forma mais clara, por meio das reflexões do ex-policial sobre os grupos paramilitares de direita que atuam dentro do jogo, este game consegue oferecer bastante aos jogadores também no quesito enredo.

A história, de forma geral, consegue explicar boa parte dos novos dilemas de Payne: ele trabalha como segurança particular da família Branco, liderada por Rodrigo Branco, um insuspeito empresário da construção civil. Sua jovem esposa Fabiana passa o dia com o cunhado, Marcelo, e é em torno deles que a trama se desenvolve.

Payne, ao lado de seu amigo Raul Passos, precisa dar conta da segurança de todos eles, sempre muito visada. Isso, porém, não furta o protagonista de tratar com ironia e acidez o estilo de vida um tanto quanto vazio da família Branco. Enfim, não faltam aqui conflitos internos de um ex-policial que teve sua família assassinada e encontrou refúgio no álcool e nas drogas.

Armas: nada além do essencial

Uma novidade interessante neste jogo em relação a outros action shooters é a forma como o protagonista interage com as armas que encontra pelo caminho. Aqui, ele não carrega um arsenal, mas apenas três delas no máximo: duas pistolas e uma arma de duas mãos (como uma metralhadora ou escopeta).

A alteração dá mais realidade ao jogo, tornando-o mais coerente: quando Max carrega um fuzil e duas pistolas, por exemplo, ele segura uma pistola na mão direta, o fuzil é carregado pela esquerda e a segunda pistola fica guardada; caso você resolva usar os dois revólveres simultaneamente, o fuzil é deixado no chão.

Sem freio na boca

Outro ponto alto do jogo, principalmente para nós brasileiros, é a dublagem. Apesar de alguns problemas, principalmente quando o interlocutor é um aliado de Max Payne, com a fala artificial demais, no geral este quesito foi bem tratado, dando um toque especial ao game.

Nesse sentido, o grande destaque fica pela enorme quantidade de palavrões proferida por todo mundo. Palavras que não podem ser reproduzidas aqui são escutadas a todo instante, criando um ambiente ainda mais intenso de conflito em cada combate. Se você tem problemas com “palavras feias”, Max Payne 3 não é para você.

Bom e velho “tempo de bala”

Tudo fica em câmera lenta projéteis são disparados da arma, atingindo vários inimigos antes que você seja atingido. Se você já viu “Matrix” ou então jogou algum dos títulos anteriores da série Max Payne, você sabe que estamos falando do “bullet time”. Este é outro grande recurso, um dos que consagraram a franquia, também está de volta, com todas as possibilidades de sempre.

Multiplayer

Os games online e com vários jogadores são shows a parte, pois conseguem reproduzir todo o ritmo frenético que se encontra no modo single player. Vários modos de jogo, um sistema que libera novas opções conforme você vai alcançando determinadas conquistas e diversas formas de personalização são alguns dos temperos para quem quer se divertir enfrentando outros gamers.

Reprovado


Que sotaque é esse?

Que a cidade de São Paulo é formada por gente de várias partes do Brasil e do mundo, todo mundo sabe. Contudo, a ausência do típico sotaque paulistano na dublagem feita para Max Payne 3 pode desagradar um pouco nesse aspecto.

É claro que a mistura das falas de nordestinos, italianos e diversos outros imigrantes recria “dialetos” o tempo todo, mas, salvo alguns termos utilizados na dublagem, seria difícil compreender que o game se passa na capital paulista apenas pela fala dos personagens.

Cabelos: sempre um problema

A parte gráfica do jogo está muito bem feita e praticamente não há do que reclamar. A ambientação dos locais, a variedade de cenários e os pequenos detalhes gráficos, como a ausência de personagens atravessando paredes, são pontos altos do visual do game, no geral muito bonito.

Entretanto, quando o detalhe analisado é o cabelo dos personagens, seja durante o jogo ou durante a exibição de vídeos, nota-se uma física problemática e sem movimentação. Sinceramente, este é um detalhe insignificante e que não vai fazer a menor diferença na sua experiência de jogo, servindo apenas para provar que nem tudo é perfeito por aqui.

Vale apena ?

Se você quer passar horas em frente ao console, enfrentar exércitos de bandidos e comandar um personagem intrigante e sem nenhum compromisso com nada, além de sua própria consciência, mas em busca de redenção, então, seja bem-vindo a Max Payne 3.

Entretanto, não adentre o mundo de Payne esperando encontrar aqui uma experiência de jogo estilo GTA, que permite a você percorrer um mundo aberto, vasculhar vários locais e jogar simplesmente por jogar. Aqui, o protagonista tem sempre objetivos claros e também muita pressa para resolver os seus problemas.

Enfim, mais uma vez a Rockstar mostra um desempenho quase perfeito para criar um game entusiasmante, com alto poder de diversão e capaz de fazer você querer jogá-lo do início ao fim, sem interrupção.

Fonte: Tecmundo






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